Salas temáticas aprofundaram reflexões sobre a participação dos jovens na política, a importância dos políticos e dos partidos nesse processo e a cogovernança para o fortalecimento das políticas públicas, a exemplo do SUS
Hoje, 10/10, seguimos com a programação do segundo dia do nosso Congresso Internacional da Cogovernança! Iniciamos pela manhã com 8 opções de salas sobre diversos temas. A seguir aprofundamos alguns exemplos dos temas abordados.
Algumas salas temáticas
Juventude e participação política
Nessa sala, diversos jovens compartilharam experiências de protagonismo e participação política para inspirar os demais e garantir que juntos podemos promover grandes mudanças no nosso contexto local.
Adelard, do Burundi, falou sobre a falta de interesse dos jovens na política partidária. Ele mesmo não se interessava pelo tema e pensava que não podíamos mudar grande coisa na sociedade. Porém, depois do seu engajamento no projeto “Together for a New Africa” (Juntos por uma Nova África), sua visão mudou. O Projeto, voltado para a formação e atuação política de jovens africanos, fez ele perceber que cabe aos jovens a responsabilidade de construir um novo futuro. Ele concluiu: "Espero que possamos anunciar aos outros jovens que juntos podemos fazer grandes coisas".
Felipe, de Caruaru (Pernambuco/ Brasil), reforçou essa ideia citando dados do Brasil: 42% da população é formada por jovens, porém, nas últimas eleições, apenas 8% dos candidatos eram jovens. Como contraponto a esse dado, a vereadora de Toritama (Pernambuco/ Brasil), Carol Gonçaves, de 25 anos, contou sua experiência na política, que se iniciou do interesse em mudar a realidade difícil que ela vivenciou de perto. Depois de conhecer a visão de Chiara Lubich, que sugere que a política seja compreendida como “o amor dos amores”, Carol sentiu reviver em si esse sonho de transformar o mundo, o que a impulsionou a se candidatar a vereadora.
SUS forte e saúde pública
Nessa sala, o médico Marcos Costa, que atua no SUS, trouxe um conteúdo introdutório sobre o conceito de saúde, o papel do SUS e o combate à Covid-19. Ele apontou a precariedade da gestão da saúde pública durante a ditadura militar, em que a saúde passou a ser terceirizada. Contudo, esse processo desencadeou uma participação social mais ativa, nessa área, de modo que em 1988 a Constituição Federal passou a garantir o direito à saúde. Desse histórico já vemos a importância do interesse social e do ato de cogovernar na busca de soluções para o bem coletivo. A médica Margarete Daldegan também retratou a amplitude e a importância do SUS, explicando que certos problemas de alta complexidade são tratados com uma melhor assistência apenas no sistema único de saúde. Para ela, o amor precisa se converter em políticas públicas eficazes e abrangentes para os cidadãos.
A função da política e do político na gestão da cogovernança
Nessa sala temática ouvimos as experiências da Prefeita Paula Mascarenhas de Pelotas (Brasil), do Jefe de participación ciudadana del gobierno de La Paz (Bolívia), Álvaro Molina, do Prefeito de La Veja (Cauca/Colômbia), Oscar Molano, e da Secretária General de la Autoridad Nacional de Descentralizacion de Panamá (Governo do Panamá), Dayanara Cáceres. As experiências suscitaram um diálogo intenso entre os participantes sobre a necessidade de se desenvolver políticas públicas de longo prazo, com objetivos comuns para que permaneçam para além dos mandatos dos governos. Refletimos também sobre a necessidade de que juntos possamos fortalecer os canais de participação para que a política alcance os espaços invisibilizados e abandonados pelas instituições, para que a sociedade amplie a sua presença na construção de uma política de cogovernança.
Partidos políticos e cogovernança
Alberto Scavarelli, presidente do Movimento Político pela Unidade do Uruguai, vê na cogovernança um ato que pode tirar o político da sua solidão (“enclausulamento”) na atividade do governar. Esse conceito, ainda novo na atuação do MPPU, pode ser um instrumento adaptável a cada país e região. Para ele, os partidos políticos são essenciais para a governança, de modo que a atuação política do MPPU e, também, dos cidadãos engajados deve ocorrer dentro desse meio, dentro das estruturas políticas já existentes, não de forma isolada em convicções e espaços separados.
Passada a pandemia, voltarão grandes tensões sociais, incrementadas pela pobreza. O papel dos cidadãos engajados é transmitir uma mensagem construtiva, promover diálogos amplos entre as pessoas e as instituições e fazer de nossas comunidades lugares em que se exerce a participação coletiva e comunitária. No caso do MPPU, a visão de futuro esperançosa que temos é a fraternidade, de modo que temos que apostar nisso. Temos que seguir sonhando!
Painel: “Instituições públicas e sociedade civil: cooperação e diálogo para o bem comum”
Durante a tarde, tivemos a apresentação do Painel “Instituições públicas e sociedade civil: cooperação e diálogo para o bem comum”. O moderador, Giuseppe Dipietro, introduziu a discussão citando a atual crise da democracia e dos partidos políticos. Ele sugeriu que os processos políticos se cristalizaram, mas não acompanharam as mudanças da sociedade, pois o distanciamento dos cidadãos em relação às instituições democráticas retardou esse processo.
Luiz Scarpino, Doutorando e Mestre em Direitos Coletivos e Cidadania, apontou os principais “pontos críticos” ou patologias institucionais das três esferas de poder (Executivo, Legislativo e Judiciário), no atual contexto turbulento das democracias ocidentais. Scarpino, porém, também apontou algumas “vacinas” para mitigar tais ameaças, que passam pela participação cidadã, devendo iniciar-se “de baixo para cima”. O cidadão como sujeito protagonista das ações democráticas e das práticas de cogovernança demonstra que a sociedade pode ser um campo fértil para disseminação da fraternidade, a partir das nossas ruas, prédios, bairros e cidades.
Verónica Jairala, politóloga e pesquisadora nos direitos das comunidades indígenas, enfatizou a importância do olhar fraterno e da diversidade na construção da cogovernança. Ela comparou a cogovernança na forma de um poliedro, objeto que contém múltiplas faces, bordas e vértices, ou seja, as diferentes comunidades organizadas (faces), através dos mecanismos de agenda e das ferramentas de diálogo e consenso (bordas) são capazes de colocar em ação processos de cogovernança (vértice). Assim, podemos constituir uma visão do “conflito” transformado em possibilidade de “resposta orgânica da comunidade organizada”.
Terminamos nossa cobertura do segundo dia com algumas contribuições recebidas pelo Padlet:
“A participação da sociedade na gestão pública é muito importante. A Cogovernança abre possibilidades à soluções mais adequadas, que normalmente não são atingidos pela política mais voltada a ganhar o poder e à manutenção do poder.” (citação do GT de Cidades Inclusivas).
“A Cogovernança é a meta, ato de governo em parceria, e com responsabilidade, o método é o diálogo e o conteúdo político é fraternidade.”
Te esperamos para o terceiro dia do nosso Congresso, que começa com as salas temáticas, às 10h. Depois, vamos aprofundar o tema da Economia fraterna, sustentabilidade e políticas públicas.
Continue conosco, construindo o processo participativo e dinâmico da cogovernança!
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